Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: Dentro do Medo

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Dentro do Medo










Agarro as palavras, arrasto-lhes o sentido,

pronuncio-as prudentemente,

silencio-lhes a aspereza e o mêdo,

pego-lhes de rompante,

como quem apanha uma serpente...

Viscosas, enrolam-se, estrangulam-me,

numa roda que gira entrecurtada

por silêncios que ruminam

sem propósito ou destino...

Rumo em direcção aos lugares

famintos de dôr e amor,

carentes de vida e de sonho...

Debruço-me donde vislumbrava

horizontes e marés...

Estemeço na vertigem,

irmã do abandono...

Olho-te no caminho da memória,

revejo a tua expressão,

sem vida...

Assusto-me nas palavras que não digo,

como quem ama em segredo...

Adormeço na tarde ainda quente

da tua presença colorida...

Adivinho a manhã que se recusa a nascer,

olhando a madrugada morta...

Abraço o vazio, num gesto sem nexo,

amarro memórias,

imagens, lugares, paisagens...

Recolho o último vestígio,

como quem emoldura

a sua própria imagem...

Ondulo o espanto no desencanto

do canto...

Navego na espuma dos dias

em busca de um navio fantasma...



Barão de Campos

4 comentários:

  1. uma palavra: fenomenal! esta lindo! muitos parabens,isto sim é poesia pura,feita com sabedoria e sentimento.

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  2. Um texto magistral, o medo visto sob a perspectiva do completo,em um texto lírico,mas não sob o prisma de ponto de vista ilusório, é conteúdo verdadeiro q enfoca o medo de forma lindamente poética.

    Lindo seu blog e seus escritos.
    bjs.Lu

    ResponderEliminar
  3. Segui o rasto das palavras e entrei num local onde vale a pena voltar, beijinhos

    ResponderEliminar

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