Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: indiferença

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Na tua indiferença








Morrer nas palavras

o som desesperado da mente,

procurar nos lugares mais desertos

a humidade seca dos teus lábios

intolerantes e anacrónicamente lascivos

na pretensão da indiferença,

imponentes, hirtos e esmagadoramente mortíferos

no acto de sorver a vida e o prazer que a inunda...






Lábios ondulantes na lúxuria estridente,

selando os contornos de um amanhã disforme,

quase inerte, ainda que bífido e venenoso...

Sinto a desventura lenta da saliva corrosiva,

sulcando hemorrágicamente a alma,

num beijo ferindo um desejo por cumprir...



Cerro os dentes, silencio a mente,

desligo o olhar, quebrando o encanto

num gesto de presa...




Procuro nas tuas mãos um sinal,

um movimento de cúmplicidade...

Alguma coisa que permaneça

na memória da memória sem nome...







Se morreres amanhã








Se morreres amanhã,
haverá apenas menos um passageiro
no comboio da tarde...
Se morreres amanhã,
a ausência do compasso sonoro
dos teus passos
não será escutada...
Será apenas mais uma ausência
entre milhões de ausências habituadas...
Se morreres amanhã,
alguns, poucos, lembrar-se-ão
de ti durante um ou dois dias...
Recordarão a tua morte
para celebrar a sua vida...
Não passarás de um bom motivo
de conversa...
Os portadores da notícia da tua morte,
sentirão alguma alegria mórbida
na divulgação da notícia em primeira mão...
"Eh pá, sabes quem é que morreu...?..."
Se morreres amanhã,
serás boa pessoa nos dias seguintes,
inventarão defeitos
pouco tempo depois...
Passado um ano já te mataram
vezes sem conta...
Se morreres amanhã,
desapareces ou deixas de aparecer,
apenas...
Se morreres amanhã,
haverá um prazo legal
para participarem o teu óbito...
... apenas isso...
um prazo legal...
De ti, restará um número de processo
na reparticão de finanças...
Depois de morto,
continuarão a enviar-te 
a conta da água, da luz, do telefone...
Se morreres amanhã,
terás quatro pessoas a chorar-te...
Se morreres amanhã,
os negociantes da morte
serão os primeiros
a fazer-se anunciar
aparecerão vestidos de negro,
solicitos e ainda quentes do morto anterior...
Se morreres amanhã
a segurança social vai poupar
no que seria a tua reforma...
Se morreres amanhã,
só mesmo tu é que vais
dar por isso...
Se morreres amanhã,
morres...















Deserto









Nada do que faças faz sentido,
cada palavra não significa nada...
Não consigo exprimir uma sensação,
um sofrimento ou paixão...
Hoje, os teus lábios são cinzentos,
pálidos, incolores...
Nada, nem o teu corpo, 
desperta o desejo...
Hoje, assisto à morte dos sentidos,
impotente...
Não habito os teus olhos,
nem lhes vislumbro encanto...
Hoje, sou a indiferença,
deserto do pensamento...
o Fim...


Na tua indiferença...








Morrer nas palavras
o som desesperado da mente,
procurar nos lugares mais desertos
a humidade seca dos teus lábios
intolerantes e anacrónicamente lascivos
na pretensão da indiferença,
imponentes, hirtos e esmagadoramente mortíferos
no acto de sorver a vida e o prazer que a inunda...

Lábios ondulantes na lúxuria estridente,
selando os contornos de um amanhã disforme,
quase inerte, ainda que bífido e venenoso...
Sinto a desventura lenta da saliva corrosiva,
sulcando hemorrágicamente a alma,
num beijo ferindo um desejo por cumprir...

Cerro os dentes, silencio a mente,
desligo o olhar, quebrando o encanto
num gesto de presa...

Procuro nas tuas mãos um sinal,
um movimento de cúmplicidade...
Alguma coisa que permaneça
na memória da memória sem nome...

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