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Espelho...







Olha bem dentro dos meus olhos,
consegues ver a raíz das lágrimas,
aquele lugar onde o tempo me sequestrou...
Olha bem dentro dos meus olhos,
procura-me, encontra-me
se ainda for possível o resgate...

Olha bem dentro dos meus olhos,
navega nas minhas lágrimas,
navega como se procurásses
um porto de abrigo...
Navega como se a praia do pensamento
estivesse no horizonte...

Olha bem dentro dos meus olhos,
tenho a certeza que escutarás
o soluçar de uma criança
esquecida no tempo...

Olha bem dentro dos meus olhos,
olha através da janela do tempo,
escuta o múrmurio das lágrimas,
lentas e lancinantes...

Olha bem dentro dos meus olhos,
mesmo que não acredites,
esta imagem espelhada,
estes cabelos brancos,
esse olhar transmutado,
desesperado e triste
pertencem-te...


Barão de Campos

O Velhote da cama 35









Amanhã serás o ontem esmagado,
o rasto dos teus passos serão meras sombras
no desalinho das emoções esquecidas...
Galgas os dias, afugentas as horas,
abraças os instantes em despedidas
sem corpo...
Procuras as marcas da tua presença
e encontras fantasmas em agonia...
Cansado de amanhãs nascidos mortos,
caminhas na solidão sem nome...
Hoje, mais do que ontem,
sabes que ninguém escutará
as tuas súplicas...
Vives paredes meias com a morte,
sem ninguém que testemunhe
a tua existência...
Morres em cada lágrima
o desespero do tempo...
Resistes mais um instante,
como quem ainda espera por alguém
ou por alguma coisa...
Morre dentro de ti a última memória
daquilo que sentiste vida,
morre dentro de ti
o último lugar onde acreditáste
em milagres...
Indiferente, a tarde cai,
igual à última tarde...
Sentes que a tua solidão
é o teu pior carrasco...
A noite chega, escura,
quase morte...
continuas só, absolutamente só...
Não sabes se estás louco
ou lúcido...
Esqueceste-te de ti,
do teu nome...
Sabes que ninguém se lembrará
de quem foste...
Serás apenas o velhote da cama 35,
o tal que não tem ninguém,
o tal que chora todas as noites...
serás apenas mais um sem nome
e sem história...





A armadilha do tempo...












Hoje, acordei fora de tempo,

olhei-te olhos nos olhos e senti algo estranho,

a tua tonalidade rosada havia desaparecido,

o brilho verde dos teus olhos,

já não continha a promessa de eternidade...


Assustado, ergui-me num golpe de desespero,

olhei-me no espelho e não me reconheci...

Vi a tonalidade grisalha, quase branco absoluto,

chorei em soluço mascarado,

procurei mil razões para sentir esperança,

procurei no calor dos teus lábios

as respostas que não queria ter...


Entardeci, sem que a materialidade dos objectos,

fosse capaz de distrair-me deste sentir lúcido

e absolutamente real...


Senti a consciência afiada,

um sentir profundamente triste...

Apoderou-se de mim a certeza,

abrupta e cruel da morte...




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