Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: 2013

Translate/traduza

Pesquisar na web

...Já vou...










Esta Noite vou esperar-te de novo,
sabes que te espero noite após noite,
enquanto a tua ausência
insiste em ocupar o teu lugar...
Esta Noite vou esperar-te de novo,
sei que me olhas enquanto durmo,
que sentes as minhas lágrimas...
Esta Noite vou esperar-te de novo,
sei que as tuas mãos adormecem
na sombra das minhas...
Esta Noite vou esperar-te de novo,
sei que os nossos lábios
se econtram sempre,
mesmo que sejam memórias...
Esta Noite vais aninhar-te em mim,
mesmo que tenha que procurar-te
num ontem sem nome...
Esta Noite vou esperar-te de novo,
mesmo que as noites acabem,
sabes que vou esperar,
enquanto o nosso Amor
sobreviver à Morte...


Carlos Barão De Campos

A Escolha...






Esta noite, como tem acontecido desde os dias brilhantes em que flutuávamos ao encontro um do outro, culminando abraçados num longo beijo perdido no espaço e no tempo, a tua memória permanece em mim, intensifica-se, toma conta do meu corpo e da minha alma, chama por mim...escuto o timbre da tua voz, estás a sorrir, estás a chorar, não queres partir, mas não podes ficar...sabes que os meus dias sem ti, não passam de uma soma ou subtracção sem sentido nem cor...são apenas momentos ignotos, perdidos num espaço e num tempo nos quais não passo de um estranho...alguém que em agonia retém o grito, contém as lágrimas e insiste em reinventar uma vida, como se isso fosse possível, enquanto a lucidez e o amor perdurarem...
Sinto a tua ausência cada instante mais presente...sinto que a tua ausência és tu na impossibilidade de estares aqui e agora, abraçada a mim, a sentir-me muito além dos sentidos...
Quando me deito e adormeço esgoto-me num esforço para te sentir, quando a tua ausência adormece não te oiço respirar, quando acordo, viro-me para o teu lado e sinto que não estás, mas sinto-te nessa ausência absoluta, sempre presente...
Não sei se me ouves quando pronuncio vezes sem conta o teu nome, mas não importa, o teu nome ecoa no espaço e ganha vida, por instantes, acredito que vais responder...talvez respondas e eu não esteja atento...
Não sei se alcanças o balbuciar das minhas palavras ou o soluçar do meu choro, mas acredito que em cada lágrima fico mais próximo da tua presença ausente...como se te beijasse ternamente...
Sei que não tínhamos muito tempo, mas sinto que algo poderia ter sido feito naquela noite, mesmo que os médicos o neguem...Volto todos os dias áquele momento e revejo tudo...
Apesar das nossas longas conversas, não falávamos muito da morte, da tua morte, mas disseste e escreveste algumas vezes que não sabias como, mas tinhas a certeza que o nosso Amor perduraria mesmo para além da morte...
Vou reler a tua última carta, ver o teu último video, ler os teus últimos mails e sms, como sempre vou responder-te e acabarei por dar-lhes resposta, imaginando o que escreverias para mim...
...Vou amar-te todos os instantes da minha vida, mesmo que pensem que estou louco...

Carlos Barão de Campos

Esta Noite




Esta Noite


É noite dentro de mim
e ainda sinto
o brilho dos teus olhos...
os teus olhos e a noite....

...

Há um tempo dentro do tempo,
um vazio, uma ausência não definida...
Há um tempo dentro do tempo,
um corredor, uma espera sem objecto...
Há um tempo dentro do tempo,
um lugar onde os espelhos não reflectem...
Há um tempo dentro do tempo,
uma morte ritmada na indiferença...
Há um tempo dentro do tempo,
um assassino de esperanças e sonhos...
Há um tempo dentro do tempo,
que delimita o Ser e o Não Ser...
Há um Tempo dentro do Tempo,
onde o Amor é unívoco
e o mais terrível acto de solidão...
Há um tempo dentro do tempo,
uma luta desigual, um silêncio
indizível e impossível...
Há um tempo dentro do tempo,
que é feito de morte...


Algures, Setembro de 2012

Barão de Campos

Doce Primavera...









Lembro os rios que navegavam
nas tuas veias, onde reluziam
peixes diamante...
Lembro-me das tuas roupas coloridas,
dos estampados e desenhos bordados...
Lembro-me da forma como cruzavas 
as pernas e expunhas os joelhos...
Lembro-me das cerejas que partilhávamos
do mesmo cartucho, enquanto passeávamos
pelos jardins raiados de sol...
Lembro-me de correres para mim
e os teus lábios selarem-se nos meus...
Lembro-me do teu sorriso, doce e meigo,
absorver-me, tocar-me, ser-me em ti...
Lembro o regresso das mesmas andorinhas,
da melodia que inventavam só para ti...
Lembro-me das flores que coloriam
os teus dias, nas manhãs verdes luz...
Lembro-me dos teus olhos verdes
no contraste dos teus lábios vermelhos...
Lembro-me das tuas mãos desenhadas
nas palmas das minhas...
Lembro-me de ti, da forma como
amavas, sentias, gemias ou choravas...
Lembro-me de ti quando adormecias
no meu peito e a tua respiração fluía
em sincronia perfeita com a minha...
Lembro-me dos teus gestos e da expressão
do teu rosto...Sinto-a em mim...
Lembro-me da forma como te movias,
do movimento dos teus passos,
da dança das tuas ancas...
Lembro-me do timbre da tua voz,
cristalino, sensual, doce e quente...
Lembro-me das nossas noites
nascidas dos nossos desejos...
Lembro-me dos nossos sonhos,
e do desejo neles contido...
Lembro-me de ti,
como se continuasses,
na manhã seguinte...
Lembro-me de ti,
como tu desejarias
que me lembrasse...
Lembro-me de ti,
como uma Doce Primavera...

Carlos Barão De Campos

4/3/2013 

Entardecer...







Esta tarde amanheceu na ausência
continuada dos teus olhos,
como se os ramos e as flores
não pudessem coexistir...
Esta tarde as asas dos pássaros
moviam-se, mas eles continuavam
imóveis...
Esta tarde, as nuvens desfizeram-se
em cinzas...
Esta tarde, as lágrimas romperam
vermelhas e ensanguentadas...
Esta tarde, o vento cortava
as veredas da memória, 
como se fossem feitas de papel...
Esta tarde não havia esperança,
nem um lugar paralelo
onde me aninhar...
Esta tarde, o deserto era 
apenas um deserto,
pleno de um vazio
que me estrangula, 
como uma serpente
que se enrola na vítima
até ao sufoco...
Esta tarde, não existia tarde...


Barão de Campos

Doce manhã






Doce, a manhã iluminava o teu rosto,
Combinando de forma harmoniosa
As mais belas tonalidades…
Nos teus olhos primaveris,
desfilavam as mais belas paisagens…
Lugares de desejo e ternura,
na profundeza rosácea das interdições…
Naquele tempo sem tempo,
a eternidade estava ali,
nos longos beijos onde as línguas
serpenteavam a dança do amor…
Havia no tempo e no espaço o encanto
das descobertas e o fervor das conquistas…
Naquele tempo, as pequeninas coisas,
eram as mais belas odisseias…
Naquele tempo sem tempo,
havia um lugar secreto no universo
onde o Amor acontecia…
Naquele tempo sem tempo,
amar-te era a viagem marcada
sem regresso…
o desejo quente e húmido,
o estontear entrelaçado,
do Amor…
Naquele tempo sem tempo
o Amor era a paisagem
mais bela…
Naquele tempo sem tempo
Um beijo tinha o poder
da criação universal…



Barão de Campos

Abraço o vazio...







Soltam-se as palavras em desalinho,
abraço o vazio em palavras envoltas
em lágrimas suspensas que não navegam
neste rosto cansado de não adormecer...
Olho em redor e a tua ausência
é a presença que se impõe...
Afago o teu rosto, mais uma vez
neste silêncio que me atordoa e mata...
Lembro o som da tua voz,
o calor dos teus lábios
na ânsia dos meus...
Sinto-te como se esgotasse
o meu pranto, o meu grito,
e ao escutar-me,pudesses voltar, voltar...
É noite dentro de mim
e o teu luar escasseia,
quando as lágrimas tombam 
na penumbra dos sentidos...
Sou um lugar sem nome 
numa paisagem vazia e nua,
onde o olhar perdido na cegueira
de tanto procurar, chora,
chora no clamor da noite e do dia
esfomeado de ti, da tua luz...
Escrevo a música que o coração 
compõe no desespero das notas
que sendo breves, soam desafinadas...
A melodia do adeus que componho
é eterna...
A noite fria e sombria
aninha-se no meu coração mutilado,
como uma víbora aguardando
o momento do ataque fatal...
Sei o teu rosto, como não sei o meu,
mas preciso de ambos
para me olhar no espelho...
Lembro madrugadas sem nome,
lágrimas vincando o rosto
em agonia...
Lembro um brilho vítreo no olhar...
Não sei se escutaste e sentiste
a minha dor derradeira, enrolada
no sangue de uma despedida
sem nome....sem nada...
um apelo...




Carlos Barão de Campos


LinkWithin

Related Posts with Thumbnails