Morrer nas palavras
o som desesperado da mente,
procurar nos lugares mais desertos
a humidade seca dos teus lábios
intolerantes e anacrónicamente lascivos
na pretensão da indiferença,
imponentes, hirtos e esmagadoramente mortíferos
no acto de sorver a vida e o prazer que a inunda...
Lábios ondulantes na lúxuria estridente,
selando os contornos de um amanhã disforme,
quase inerte, ainda que bífido e venenoso...
Sinto a desventura lenta da saliva corrosiva,
sulcando hemorrágicamente a alma,
num beijo ferindo um desejo por cumprir...
Cerro os dentes, silencio a mente,
desligo o olhar, quebrando o encanto
num gesto de presa...
Procuro nas tuas mãos um sinal,
um movimento de cúmplicidade...
Alguma coisa que permaneça
na memória da memória sem nome...
Todo o poema que tão bem escreveu é a memória da memória a que não deu um nome...
ResponderEliminarQue maravilha!
Felicito-o de novo!
Se a lógica me devora a sensibilidade, então abandono-a ao seu próprio existir, e duvido
ResponderEliminarque a inércia, já que ela não me permite o vazio, consiga sobreviver ao caos provável da minha existência por não compreendê-la !