Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: 2008

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Tinta Invisível














Queria ser capaz de pintar no horizonte o vermelho dos teus lábios combinado com a esperança verde cálida dos teus olhos...



Queria ter a coragem de somar madrugadas sem subtrair os dias...



Queria caminhar sem ter a consciência dos meus passos...



Queria acontecer nas palavras e nas coisas, queria agarrar a tarde no seu equinócio...



Queria desenhar uma órbita onde o nosso percurso se confundisse com a eternidade...



Queria estar presente depois de partir e poder falar da minha inexistência...



Queria inventar uma possibilidade de contrair num conceito a possibilidade de oferecer uma chance ao impossível, negando-o no absoluto da sua essência...

Cântico Final












Contemplo o Agora numa agonia confusa e continuada... Sinto e pressinto o silêncio do vazio galopando na minha direcção... Sei que as palavras e os apelos são vagos e imprecisos...



Olho-te dentro dos olhos e sinto-te no teu cansaço e dôr, adivinho na tua presença os sinais que não quero ver...



Não sei se o amanhã é amanhã ou depois de amanhã, mas sinto-o numa brevidade cortante...



Procuro nas estrelas o brilho de um sonho que nos permita sobreviver, como se um beijo e um abraço forte fossem a força que ainda nos resta...

...Dentro dos teus olhos...










Quando te olho bem dentro do olhar, sinto-te no teu mais profundo chorar...



Olho-te e vislumbro as sombras do teu mundo tão próximo e distante...



Amanheces em mim as Primaveras que o Tempo deixou de pintar,



repousas dentro de mim a dimensão que os Sonhos inventam para calar o medo...



Sei que a manhã tem a luz que o vento pode apagar, como se a vida fosse a chama breve de uma vela...



Dentro dos teus olhos navego nas suas lágrimas, como um naufrago em busca da sua ilha...

Acreditar...










Procuro ler no tempo os segredos que nos darão todas as respostas, procuro uma pista, uma sombra, um rascunho, onde possa reconhecer o nosso amanhã...


Quero ter a certeza que ficarás a meu lado enquanto conseguir lembrar-me de Nós...


Preciso de acreditar no nosso Milagre... Preciso de ti...

Adormecer junto ao teu peito...








Húmidos, os teus lábios escalavam os meus, arrastando consigo as marcas rosáceas da escalada... Percorriamos os nossos corpos àvidos e ofegantes... De vez em quando, abria os meus olhos e vibrava com o Amor desenhado no teu rosto rosado, ostentando o brilho do verde paisagem dos teus...



Sei que o teu olhar acorda no meu, a doçura do teu encanto... Sei que a Madrugada quase apagou o seu brilho, mas o calor do nosso Amor Eterno gerou o Milagre de mais um Amanhecer...

Recordação sem Memória...








Existe em mim a sombra vaga e breve dos meus olhos atravessando a neblina dos teus...



Sei que a memória se assemelhava ao ondular de uma lágima escorrendo na face como quem desce uma colina na direcção do mar... Talvez a saudade também tivesse o sabor a sal...



Não sei se sinto saudades de mim ou dos meus gestos inocentes, cândidos e perfumados com os aromas inesperados dos locais sem tempo...



Nascia em cada manhã um sonho sem contornos, como se a luz e a escuridão ainda fossem irmãs, havia dentro do meu coração uma chama que ainda acendia o olhar....



Naqueles dias inconscientes, a infinitude do Ser, acontecia de forma inominada...



Naquelas noites distantes, as vozes que rompiam o silêncio, tinham o calor de um abraço!

Na Curva do Tempo!














As imagens, os sons, os lugares, tudo se volatiliza... Persiste a memória vaga e exasperante, próxima da inexistência...



As lágrimas esqueceram a nitídez da razão do seu chorar, chegam e partem, distantes e amorfas...



Neste amanhecer onde as palavras se esqueceram do sentido, o mêdo e a angústia pesada, calcinaram o sonho, como quem retira a última esperança a um moribundo...



Esta manhã quase nocturna encerra na sua densidade, o indizível que há dentro de nós, como se uma palavra pudesse evitar a implosão de todo o nosso ser...



Cada olhar acentua o vazio deste tempo que não sendo meu, ainda é a única evidência que me liga à terra...



Não sei se estes vestígios de mim, ainda suportam a prova da minha identidade, ou se a sua linha ténue que os suporta, não será apenas ilusória...



Talvez, cada palavra ou gesto se tenha tornado absolutamente inútil e absurdo, talvez, este acto de ensaiar a escrita como quem ainda procura a eternidade, não passe de um grito sem som, onde a minha alma se contorce...

Nos Últimos Momentos...






Nos últimos momentos, talvez procure o teu calor, a tua ternura, ou apenas decida abandonar-me na solidão solene do último olhar...
Nos últimos momentos, é provável que a fragilidade seja próxima da orfandade, é natural que te pegue na mão para que a partida seja menos dolorosa...
Receio a aflição dos instantes derradeiros, sabendo-os finais...
A solidão comporta uma forma muito especial de ante-câmara da morte...
Confesso que não deveria estar a falar da morte, da minha morte, quando a vida ainda me pode surpreender...
Não sei, a tarde caiu densa e sufocou o meu coração e a minha alma magoada de uma dôr indizível...

Algures...








Não sei se é tarde em mim ou se a madrugada insiste em romper o véu deste real que me separa e corroi...
Não sei se é tarde ou manhã ou se ainda me resta algum tempo mais...
Não sei a côr dos teus lábios nem se os consigo tingir com o cansaço dos meus...
Não sei se as lágrimas podem ser eternas, nem se a angústia morre nos meus gestos de não acontecer...
Desconheço o sabor das palavras, a forma de suavizar o abismo... Nada resiste ao ondular indistinto do pensamento...
Nenhuma palavra, gesto ou grito sobreviverá...

Amar-te em Silêncio...






Percorro o teu corpo no silêncio mais profundo, evitando acordar o tempo...



Arde em nós a lava dos vulcões primeiros, tal como o toque dos nossos lábios...



Sinto-te na manhã de todas as manhãs, única no amanhecer suave e rosa...



Amo-te sem precisar de articular uma palavra...

Noite mortífera...






Cavalguei na noite as vestes do guerreiro perdido,



senti a lança da escuridão apertar-me o peito num golpe final...



Alheio à luz, percorri a escuridão na angústia perfumada de morte...






Nada nem ninguém me pode libertar,



a noite adensa-se dentro de mim,



toma conta de todo o meu Ser...






Incapaz de libertar uma lágrima,



a Noite comove-me a Alma de uma dança mortífera...

Queria Olhar-te...






Queria olhar-te uma última vez, olhar-te na imensidão da tua autenticidade...

Queria olhar-te e ver a transparência dos teus desejos...

Queria saber-te nas palavras omitidas, nas expressões ocultas,

Queria navegar-te e sentir-te em mim paisagem,

Queria inventar um beijo com memória eterna,

Queria acreditar que a melodia da tua voz pode voltar a surgir no sopro breve do vento...

Queria pensar-te e acontecer-te num lugar onde o tempo e o espaço se abraçam na eternidade...

Queria ser algo mais, algo inesperado...

Queria ser a palavra não pronunciada, o gesto por cumprir...

Ser-me na Insconsciência consciente do Ser...

No último momento...









Não sei se é a saudade ou uma memória vaga,
sem contornos nem parâmetros definidos...
Não sei... Por instantes, fui sobressaltado por uma imagem grandiosa de um lugar impossível...
Vislumbrei a silhueta do teu corpo na contraluz pálida do anoitecer...
Não sei se eras tu ou a imagem que criei de tanto te imaginar na tela branca e negra...
Não sei se desejava pintar o teu corpo ou apenas esboçar a tua Alma...
Não sei... Senti sempre, que os teus contornos do corpo e da alma não se fixariam nunca...
Amadureci o branco da tela, coloquei-o numa parede e consegui criar a tua ausência...

Palavras sem Tempo...







Não sei a côr do caminho, nem sequer conheço o som dos nossos passos,


sinto que a memória deixou de o ser,


hoje, todas as emoções, lugares, sons,


não passam de uma invenção necessária...


Memórias sem Memória...



Uma Luz na Tarde Moribunda...





Sem vida, a tarde fria e negra, acumulava-se nas bermas dum tempo que não reconheço...



Inesperadamente, ondulante nos gestos, sensual e anónima, caminhavas lado a lado com a tarde disforme e lânguida no seu incansável verberar de agonia... A doçura do teu rosto quente e belo, emprestava à tarde mais alguns instantes de Vida...



Breve, a tua presença desfez-se no crescendo de escuridão que absorvia o devaneio da esperança, beleza e imaginário, numa síntese a que poder-se-ia apelidar de Vida...

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