Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: 03/01/2009 - 04/01/2009

Translate/traduza

Pesquisar na web

Palavras Mortas...


















Procuro nas palavras o pulsar do coração,

o sentir pleno e livre da alma...

Procuro nas palavras uma voz, um pensamento

que as pronuncie,pense ou declame...

Alguém que lhes dê a vida...


Escritas, as palavras partem,

partem em busca de ti...

Abandonadas, navegam,

aguardando a tua chegada...


Amor, paixão,encanto,memória,

saudade, abraço ou beijo...




A armadilha do tempo...












Hoje, acordei fora de tempo,

olhei-te olhos nos olhos e senti algo estranho,

a tua tonalidade rosada havia desaparecido,

o brilho verde dos teus olhos,

já não continha a promessa de eternidade...


Assustado, ergui-me num golpe de desespero,

olhei-me no espelho e não me reconheci...

Vi a tonalidade grisalha, quase branco absoluto,

chorei em soluço mascarado,

procurei mil razões para sentir esperança,

procurei no calor dos teus lábios

as respostas que não queria ter...


Entardeci, sem que a materialidade dos objectos,

fosse capaz de distrair-me deste sentir lúcido

e absolutamente real...


Senti a consciência afiada,

um sentir profundamente triste...

Apoderou-se de mim a certeza,

abrupta e cruel da morte...




Inexplicável...












Os mesmos lugares, a coincidência da sobreposição

dos nossos rastos...

Talvez as mesmas palavras,

os mesmos gestos...

Como se fosse possível duplicar factos,

gestos, palavras, lágrimas ou passos...


Estranhamente, alguém como nós,

ou a sombra dos nossos pensamentos,

continua a divagar pelos mesmos lugares,

como se tivessemos continuado

depois de ter partido...


Vozes, sons inominados, paisagens,

lugares, espaços e tempos,

movimentos e luminosidade,

abraços e beijos...


Algures, há um espaço tempo continuado,

onde o inexplicável habita,

ressuscitando vidas paralelas...


Algures, algo aconteceu na memória

do tempo, na fúria do mar,

confundiu mar e amar,

vento e lamento,

fim e princípio...


Algures, estamos vivos...

Madrugadas sem nome...












Podia apenas tratar-te por madrugada,

esquecer o teu verdadeiro nome,

deixar partir o sabor dos teus lábios,

perder o teu rosto, lentamente no horizonte...


Podia, apenas lembrar-me do teu anonimato,

dos teus olhos sem ontem nem amanhã,

dos gestos saturados e repetidos...


Podia, nesta crueldade faminta

de devorar as memórias,

inventar-te um nome, uma morada,

talvez uma vida...


Podia, consumir-me na imensidão dos sentidos,

fazer dos meus olhos o teu olhar,

dos meus lábios o teu beijar...


Podia tentar tudo num último momento,

inventar-te um coração e uma alma

para poderes amar...


Podia abraçar-te e acreditar que sentias,

podia gritar o teu nome na direcção da multidão,

podia procurar-te em todos os lugares,

podia lembrar-te numa última visão,

pensar-te apenas e soltar um som,

talvez um nome,

Madrugada...

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails