Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA: Manuscrito...

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Manuscrito...












Lembro-me do tempo em que se escreviam cartas,
do tempo em que se aguardava ansiosamente a vinda do carteiro...
Pegava na carta, olháva o remetente e conseguia sentir
uma presença, um gesto, um, sorriso ou uma lágrima...

A cor e o cheiro revelavam lugares, paisagens, sentimentos,
o envelope amarrotado, talvez um pouco encardido,
revelava a sua história...

Cuidadosamente, para não rasgar a carta,
abria o envelope, retirava a missiva e iniciava
a longa viagem...

Cada letra, frase ou rasura denunciava
as etapas do pensamento...

No final, buscava algo mais, uma nota de rodapé,
um vestígio de alguma coisa que desejavas ter dito
e não o disseste...

Naquela noite e nas seguintes, 
a tua carta era todo o meu património,
um testemunho da minha e da tua existência...

Na manhã seguinte, pegava na caneta,
olhava o papel como se lhe imprimisse um desejo,
desenhava os meus sentimentos,
talvez desejos, talvez receios e mágoas profundas...

Num gesto único, dobrava a carta,
colocava-a dentro de um envelope personalizado,
meticulosamente colado, escolhia um selo,
olhava o relógio e corria para o marco do correio...
Olhava em meu redor, certificando-me se alguém me olhava,
colocava a carta na abertura do marco,
tendo o cuidado de escutar o som da  sua queda...

Lembro-me, como era possível manuscrever uma lágrima...



Barão de Campos






8 comentários:

  1. engraçado sou tao antiquada,tb adoro as cartas antigas e as coisas modernas n lhe acho mta piada. gostei do texto

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  2. Lendo este poema lembrei-me de um pequeno conto que escrevi em 21 de maio de 2008, em meu antigo blog.

    Este poema e o meu conto parecem interligarem-se. Outra coincidência é a imagem da ilustração.

    Fiquei arrepiada ao ler.

    http://neurotikapontocom.blogspot.com/2008/05/carta-de-amor.html

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  3. espero que volte logo a escrever em seu blog e será que poderia escrever algo em homenagem ao universo, se sim se permitir colocarei em meu Blog...ate mais...fuiiiiiiiiiii

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  4. Carlos Bom dia!

    Aproveitei pra conhecer bem rapidinho seu espaço e já amei profundamente desde a apresentação, me tocou fundo.
    Esse manuscrito então, valha-me Deus!!! Verdades incontestáveis a nós que vivemos essa emoção hj já tão amarelada pelo tempo e pela tecnologia. [Não desfazendo o progresso, é saudosismo mesmo!]

    Volto com mais calma e alma.

    Falei que vou seguir-te não foi? Então!! rs

    Fique com Deus.

    Bjus da sua mais nova amiga.

    Dilean De Bragança.

    Ps. Desculpe algum erro, escrevo mt no galope por ter pouco tempo no momento.

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  5. OLá visitei seu blog pela primeira vez. Parabéns pelas escolhas.
    Um abraço

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  6. Quanta saudade este seu poema despertou em mim!
    Era assim que a magia nos chegava às mãos e ao coração.
    Lindo!
    Parabéns por avivar memórias apenas adormecidas.
    Foi bom acordar.
    Um abraço

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  7. Missivas rídiculas quem nunca as escreveu como disse Pessoa. Eu deitei muitas lágrimas escrevendo e lendo cartas de amor, um tempo que não voltará mais...
    Tenho muitas atadinhas com um cordel como convém, adorei o seu poema.

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  8. Carlos
    gosto muito de ler o que escreve, mexe ca dentro, arrepia até, prometo passar sempre que possivel para a minha dose de emoçoes, felicidades e votos de muito sucesso, PS. e eu que pensava que tinha jeito para poesia !

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