Hoje passam 45 anos desde o dia em que entraste na minha vida, lembro-me da doçura dos teus olhos verdes, na moldura suave dos teus lábios desenhados na arquitectura dos sentidos… as tuas sardas, faziam do teu rosto a obra de arte perfeita…
Nas tuas mãos dormiam os meus sonhos e na tua voz, na tua voz, brilhava a magia de todos os lugares de beleza indescritível…
Lembro-me da forma como andavas e das tuas botinhas castanhas, lembro-me da tua expressão enquanto dormias e de ver o sol nascer nos teus olhos, amei-te muito além do amor…
Há 45 anos, eu chegava do meu trabalho, o meu primeiro dia de trabalho, e tu esperavas-me como quem esperavas-me na estação, como quem espera o comboio da esperança…
Lembro-me de ti, como se estivesses aqui, lembro-me de ti, como se não tivesses partido nunca… Lembro-me de ti na eterna primavera que eras…
Até sempre Borrachinho…
Carlos Barão de Campos