Google+ SOMBRAS DA MEMÓRIA

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Doce Primavera...









Lembro os rios que navegavam
nas tuas veias, onde reluziam
peixes diamante...
Lembro-me das tuas roupas coloridas,
dos estampados e desenhos bordados...
Lembro-me da forma como cruzavas 
as pernas e expunhas os joelhos...
Lembro-me das cerejas que partilhávamos
do mesmo cartucho, enquanto passeávamos
pelos jardins raiados de sol...
Lembro-me de correres para mim
e os teus lábios selarem-se nos meus...
Lembro-me do teu sorriso, doce e meigo,
absorver-me, tocar-me, ser-me em ti...
Lembro o regresso das mesmas andorinhas,
da melodia que inventavam só para ti...
Lembro-me das flores que coloriam
os teus dias, nas manhãs verdes luz...
Lembro-me dos teus olhos verdes
no contraste dos teus lábios vermelhos...
Lembro-me das tuas mãos desenhadas
nas palmas das minhas...
Lembro-me de ti, da forma como
amavas, sentias, gemias ou choravas...
Lembro-me de ti quando adormecias
no meu peito e a tua respiração fluía
em sincronia perfeita com a minha...
Lembro-me dos teus gestos e da expressão
do teu rosto...Sinto-a em mim...
Lembro-me da forma como te movias,
do movimento dos teus passos,
da dança das tuas ancas...
Lembro-me do timbre da tua voz,
cristalino, sensual, doce e quente...
Lembro-me das nossas noites
nascidas dos nossos desejos...
Lembro-me dos nossos sonhos,
e do desejo neles contido...
Lembro-me de ti,
como se continuasses,
na manhã seguinte...
Lembro-me de ti,
como tu desejarias
que me lembrasse...
Lembro-me de ti,
como uma Doce Primavera...

Carlos Barão De Campos

4/3/2013 

Entardecer...







Esta tarde amanheceu na ausência
continuada dos teus olhos,
como se os ramos e as flores
não pudessem coexistir...
Esta tarde as asas dos pássaros
moviam-se, mas eles continuavam
imóveis...
Esta tarde, as nuvens desfizeram-se
em cinzas...
Esta tarde, as lágrimas romperam
vermelhas e ensanguentadas...
Esta tarde, o vento cortava
as veredas da memória, 
como se fossem feitas de papel...
Esta tarde não havia esperança,
nem um lugar paralelo
onde me aninhar...
Esta tarde, o deserto era 
apenas um deserto,
pleno de um vazio
que me estrangula, 
como uma serpente
que se enrola na vítima
até ao sufoco...
Esta tarde, não existia tarde...


Barão de Campos

Doce manhã






Doce, a manhã iluminava o teu rosto,
Combinando de forma harmoniosa
As mais belas tonalidades…
Nos teus olhos primaveris,
desfilavam as mais belas paisagens…
Lugares de desejo e ternura,
na profundeza rosácea das interdições…
Naquele tempo sem tempo,
a eternidade estava ali,
nos longos beijos onde as línguas
serpenteavam a dança do amor…
Havia no tempo e no espaço o encanto
das descobertas e o fervor das conquistas…
Naquele tempo, as pequeninas coisas,
eram as mais belas odisseias…
Naquele tempo sem tempo,
havia um lugar secreto no universo
onde o Amor acontecia…
Naquele tempo sem tempo,
amar-te era a viagem marcada
sem regresso…
o desejo quente e húmido,
o estontear entrelaçado,
do Amor…
Naquele tempo sem tempo
o Amor era a paisagem
mais bela…
Naquele tempo sem tempo
Um beijo tinha o poder
da criação universal…



Barão de Campos

Abraço o vazio...







Soltam-se as palavras em desalinho,
abraço o vazio em palavras envoltas
em lágrimas suspensas que não navegam
neste rosto cansado de não adormecer...
Olho em redor e a tua ausência
é a presença que se impõe...
Afago o teu rosto, mais uma vez
neste silêncio que me atordoa e mata...
Lembro o som da tua voz,
o calor dos teus lábios
na ânsia dos meus...
Sinto-te como se esgotasse
o meu pranto, o meu grito,
e ao escutar-me,pudesses voltar, voltar...
É noite dentro de mim
e o teu luar escasseia,
quando as lágrimas tombam 
na penumbra dos sentidos...
Sou um lugar sem nome 
numa paisagem vazia e nua,
onde o olhar perdido na cegueira
de tanto procurar, chora,
chora no clamor da noite e do dia
esfomeado de ti, da tua luz...
Escrevo a música que o coração 
compõe no desespero das notas
que sendo breves, soam desafinadas...
A melodia do adeus que componho
é eterna...
A noite fria e sombria
aninha-se no meu coração mutilado,
como uma víbora aguardando
o momento do ataque fatal...
Sei o teu rosto, como não sei o meu,
mas preciso de ambos
para me olhar no espelho...
Lembro madrugadas sem nome,
lágrimas vincando o rosto
em agonia...
Lembro um brilho vítreo no olhar...
Não sei se escutaste e sentiste
a minha dor derradeira, enrolada
no sangue de uma despedida
sem nome....sem nada...
um apelo...




Carlos Barão de Campos









Sabes...
Podes inventar um sonho,
tracejar uma vida...
Podes desenhar um rosto,
procurar dar-lhe vida...
Podes repetir, pensar
debateres-te até à exaustão...

Sabes...
Podes procurar uma vida
entre as ruínas...
Podes escutar gemidos,
imaginar, por instantes,
paisagens de ternura
com o sabor do desejo...

Sabes...
Podes sangrar,
chorar, amar, sorrir,
criar uma ilusão
com a frescura
verdejante da vida...

Sabes...
Líamos nas gotas de sangue
o nosso nome...
Compunhas nos Lábios
o calor das melodias
que sonhávamos...

Sabes...
"Nascer doí, Viver doí, Amar doí, Morrer doí..."
Sabes que não suporto
a morte que transporto...
Sabes do nosso pacto...
Sabes...

Sabes...
No dia em que te conheci
estremeci de alegria...
No dia em que te perdi
morri...

Sabes...
Os meus passos
não têm som,
a minha presença
não tem sombra...
...

Sabes...
Este adiamento
é breve...
Mesmo que pareça
distante...


Hoje coloquei
as minhas botas junto às tuas,
como se fossemos sair
ou ficar juntos...
Elas conhecem-se,
talvez se tenham abraçado...
Amado...


Sabes...
Hoje olhei-me no espelho,
e não vi os meus olhos,
apenas a sombra dos teus...
Sabes...



AMO-TE TUDO



Carlos Barão de Campos



Quando Sorris...Renasces...








Celebro na imensidão eterna dos teus lábios
a beleza do teu sorriso quente
 Fixo os meus olhos castanhos nos teus olhos verdes
e comunicamos numa linguagem mágica...

Entre sorrisos e gemidos 
de uma doçura sem contornos,
os nossos corpos
fundem-se numa dimensão impossível...

Abraçados, deixamos rolar as lágrimas
e, quase em uníssono, soltamos a frase:
SE O TEMPO PARASSE AGORA
SERÍAMOS FELIZES PARA SEMPRE...




Carlos Barão de Campos

Sombras dançando...









Ruidoso, o silêncio é fragua onde as sombras dançam e os lobos uivam...
Esta é a Madrugada, onde os lábios são memórias vermelhas, que se esmagam na impossibilidade...
Sangram na noite um olhar verde que brilha sem vida...
Não sei se ainda escutáste o apelo, o grito, o calor
derradeiro dos nossos lábios ou se partiste só na inconsciência...
O nosso AMOR é um pacto SECRETO que perdura
na eternidade, tornando a morte desprezível...
Regressas em cada Amanhecer e enlaças-me no teu corpo,
os teus lábios são doces e ternos, macios e húmidos...
Incorpóreos, os teus passos têm a cadência do teu movimento...
O toque dos teus lábios, permanece nos meus...
Há um momento em que ambos somos Sombras
feitas da nossa Eternidade...
Esta Madrugada, continuamos abraçados...
a nossa Estrela já está visível nesta época do
ano...
E tu sorris quando te recordo o toque que é só nosso...
Sabes que te AMAREI, mesmo que sejas uma Memória em forma de Sombra...
A Sombra mais bela...



Carlos Barão de Campos

Além do limite...Na vertigem da dor...









Vazio, espaço que a mente não consegue preencher,
inexistência profunda e lenta,
angústia sem tom, lugar sem matéria nem alma,
mas apenas memória...
Insisto na memória de um gesto, expressão, um som,
por instantes, acredito na materialização,
como se o desespero abrisse uma dimensão desconhecida...
Aconchego-me na tua almofada e escuto o teu respirar,
por instantes, sinto o teu calor, a beleza de um beijo
naquele espaço de transição entre a vigília e o adormecer...
Dobro-me sobre o teu corpo e ficamos assim,
como se o nosso Amor fosse um SER eterno e secreto...
As minhas mãos procuram as tuas sem cessar,
continuo a esperar por ti, mesmo que não possas regressar,
sei que também choras além do limite,
que procuras as minhas mãos e anseias os meus lábios...
Querem convencer-nos que não vale a pena tentar,
na inexistência não existem sonhos...
Talvez a loucura resida em saber que somos filhos da
inexistência...
Enquanto espero por ti, reconstruo a tua presença,
como se o teu sorriso ainda fosse um lugar de esperança...
Vou Amar-nos, caso não o consigas fazer...
Enquanto os mêses esmagam os nossos dias,
continuo a adormecer no teu peito,
da mesma forma, terna e eternamente até que o teu coração acorde...




Carlos Barão de Campos





No limite das lágrimas


Lembro-me quando ficavas embrulhada em mim
e dizias que te sentias pequenina...
por vezes, dizias que gostavas de habitar-me,
de forma a ficarmos juntos para sempre...

Abraçavas-me e beijavas-me
como se fosse o nosso ultimo momento...
Fixavas os teus olhos nos meus,
deixavas rolar algumas lágrimas,
sorrias e amavas
da mesma forma que vivias...

Conseguias tornar a vida sempre mais bela,
inventavas penas coloridas nos pardais do telhado,
sabias as horas pela sombra
desenhada na colcha...

Inventavas mil primaveras,
insistias nas despedidas,
mas nunca te despedias...

Acreditavas no amanhã
como uma criança
alimenta um sonho...

Ensinaste-me a Amar,
aprendendo a ler nos meus olhos
todo o meu Ser...



Carlos Barão de Campos


AMOR INFINITO







Arrasto-me pelos dias nocturnos numa cadência
alternada na inconsciência do para sempre
 ou na presença duma dor terrífica que destrói
mas não sangra...
Tudo em mim é morte,
como se fosse impossível não resistires
às minhas lágrimas e ao nosso  pranto...
AMO-TE NÃO ME DEIXES...
foram as minhas últimas palavras,
um grito que emudeceu o ventre da terra...
Quando ainda acreditei
tentei insuflar-te vida
na certeza da luta desigual...
Não me conseguiste olhar,
respirar e ficar mais um instante...
DULCINEIA
AMO-TE TUDO!
ESTÁS DENTRO DO MEU SER...
Desde aquela noite,
as minhas mãos secaram,
também elas partiram
rumo à inexistência eterna e cruel...


Carlos Barão de Campos
                

Conta-me...









Diz-me como eram os meus olhos,
fala-me da côr dos meus lábios
depois de um longo beijo...
Fala-me do meu sorriso,
diz-me, se ainda fores capaz...
Fala-me das palavras que te dizia,
mostra-me os vestígios de mim...
Diz-me como eram os meus gestos,
fala-me do calor e do frio...
Diz-me que sonhei no teu peito,
lembra-me a esperança e a vida..
Fala-me do tempo sem tempo,
conta-me uma história sem idade,
fala-me da roupa que usava,
mostra-me os lugares onde vivi...
Diz-me como acariciava os teus cabelos,
fala-me do barulho dos meus passos...
Diz-me o que sentias
quando me tocavas...
Diz-me se tinha um nome,
alguma coisa inconfundível...
Fala-me dos meus medos
e angústias...
Diz-me que um dia fui feliz,
fala-me desse dia,
diz-me se foi longo,
fala-me do vento e do sol,
fala-me do som da chuva,
inventa algo
que prove a minha existência...
Diz-me que nos amámos
até à exaustão,
fala-me de nós,
como se tivessemos
existido...


Barão de Campos

Espelho...







Olha bem dentro dos meus olhos,
consegues ver a raíz das lágrimas,
aquele lugar onde o tempo me sequestrou...
Olha bem dentro dos meus olhos,
procura-me, encontra-me
se ainda for possível o resgate...

Olha bem dentro dos meus olhos,
navega nas minhas lágrimas,
navega como se procurásses
um porto de abrigo...
Navega como se a praia do pensamento
estivesse no horizonte...

Olha bem dentro dos meus olhos,
tenho a certeza que escutarás
o soluçar de uma criança
esquecida no tempo...

Olha bem dentro dos meus olhos,
olha através da janela do tempo,
escuta o múrmurio das lágrimas,
lentas e lancinantes...

Olha bem dentro dos meus olhos,
mesmo que não acredites,
esta imagem espelhada,
estes cabelos brancos,
esse olhar transmutado,
desesperado e triste
pertencem-te...


Barão de Campos

Na tua indiferença








Morrer nas palavras

o som desesperado da mente,

procurar nos lugares mais desertos

a humidade seca dos teus lábios

intolerantes e anacrónicamente lascivos

na pretensão da indiferença,

imponentes, hirtos e esmagadoramente mortíferos

no acto de sorver a vida e o prazer que a inunda...






Lábios ondulantes na lúxuria estridente,

selando os contornos de um amanhã disforme,

quase inerte, ainda que bífido e venenoso...

Sinto a desventura lenta da saliva corrosiva,

sulcando hemorrágicamente a alma,

num beijo ferindo um desejo por cumprir...



Cerro os dentes, silencio a mente,

desligo o olhar, quebrando o encanto

num gesto de presa...




Procuro nas tuas mãos um sinal,

um movimento de cúmplicidade...

Alguma coisa que permaneça

na memória da memória sem nome...







Se morreres amanhã








Se morreres amanhã,
haverá apenas menos um passageiro
no comboio da tarde...
Se morreres amanhã,
a ausência do compasso sonoro
dos teus passos
não será escutada...
Será apenas mais uma ausência
entre milhões de ausências habituadas...
Se morreres amanhã,
alguns, poucos, lembrar-se-ão
de ti durante um ou dois dias...
Recordarão a tua morte
para celebrar a sua vida...
Não passarás de um bom motivo
de conversa...
Os portadores da notícia da tua morte,
sentirão alguma alegria mórbida
na divulgação da notícia em primeira mão...
"Eh pá, sabes quem é que morreu...?..."
Se morreres amanhã,
serás boa pessoa nos dias seguintes,
inventarão defeitos
pouco tempo depois...
Passado um ano já te mataram
vezes sem conta...
Se morreres amanhã,
desapareces ou deixas de aparecer,
apenas...
Se morreres amanhã,
haverá um prazo legal
para participarem o teu óbito...
... apenas isso...
um prazo legal...
De ti, restará um número de processo
na reparticão de finanças...
Depois de morto,
continuarão a enviar-te 
a conta da água, da luz, do telefone...
Se morreres amanhã,
terás quatro pessoas a chorar-te...
Se morreres amanhã,
os negociantes da morte
serão os primeiros
a fazer-se anunciar
aparecerão vestidos de negro,
solicitos e ainda quentes do morto anterior...
Se morreres amanhã
a segurança social vai poupar
no que seria a tua reforma...
Se morreres amanhã,
só mesmo tu é que vais
dar por isso...
Se morreres amanhã,
morres...















Desejáste o desejo








Olháste-me dentro do olhar,
suplicáste um beijo,
ensaiaste um abraço,
lembráste um desejo,
escutáste memórias,
sentiste aquele arrepio...
dançáste e tropeçáste
na armadilha do tempo...
olháste-me dentro do olhar,
procuráste aquela expressão,
um vestígio de nós...
estendeste-me a mão
para não caíres,
aproximáste os lábios
para te despedires...
desejáste o desejo
na memória de um beijo...
esboçáste um gesto,
frágeis, as tuas pernas,
arrancaram um passo...
olháste-me dentro do olhar,
disseste-me amor e amar
conjugáste o verbo
num passado quase perfeito...
pegáste na minha mão,
entrelaçámos os dedos,
falámos dos medos...
Olháste-me dentro do olhar,
abraçámo-nos...
olháste-me dentro do olhar,
testemunháste
as lágrimas...
Olháste-me dentro do olhar,
amáste-me dentro do amar,
sentiste o compasso descendente
do pulsar...
olháste-me dentro do olhar
e partiste...
para não mais voltar...

O Velhote da cama 35









Amanhã serás o ontem esmagado,
o rasto dos teus passos serão meras sombras
no desalinho das emoções esquecidas...
Galgas os dias, afugentas as horas,
abraças os instantes em despedidas
sem corpo...
Procuras as marcas da tua presença
e encontras fantasmas em agonia...
Cansado de amanhãs nascidos mortos,
caminhas na solidão sem nome...
Hoje, mais do que ontem,
sabes que ninguém escutará
as tuas súplicas...
Vives paredes meias com a morte,
sem ninguém que testemunhe
a tua existência...
Morres em cada lágrima
o desespero do tempo...
Resistes mais um instante,
como quem ainda espera por alguém
ou por alguma coisa...
Morre dentro de ti a última memória
daquilo que sentiste vida,
morre dentro de ti
o último lugar onde acreditáste
em milagres...
Indiferente, a tarde cai,
igual à última tarde...
Sentes que a tua solidão
é o teu pior carrasco...
A noite chega, escura,
quase morte...
continuas só, absolutamente só...
Não sabes se estás louco
ou lúcido...
Esqueceste-te de ti,
do teu nome...
Sabes que ninguém se lembrará
de quem foste...
Serás apenas o velhote da cama 35,
o tal que não tem ninguém,
o tal que chora todas as noites...
serás apenas mais um sem nome
e sem história...





Memória







A manhã era um lugar de esperança,
caminhava para ti, no encanto de te ver,
vislumbrava-te na distância,
os passos e o coração aceleravam,
acontecia o beijo quente e doce,
num abraço de vidas,
num relance de eternidade...

Amar-te era a razão, a única razão,
tocar-te, sentir-te, olhar-te...
Apertávamos as mãos e a terra tremia,
ano após ano, dia após dia,
em cada instante,
Amo-te terna e eternamente...


Barão de Campos

Mulher paisagem














Docemente, os teus olhos dançavam,

flutuavam no movimento do corpo,


como canoas brancas à deriva...




Quentes, os teus lábios devoravam


a ânsia crua e incandescente dos meus...


A tarde volvia sem apego nem tormenta,


entardecendo a nudez pálida do desejo...



Barão de Campos

O teu lugar...







Lembro-me dos teus longos cabelos negros,
na força do teu olhar quente e doce,
quase a tocar o meu rosto...
Lembro-me da tua beleza,
próxima da minha loucura...
Lembro-me da forma espessa
e vermelha dos teus lábios...
Lembro-me do som melódico
da tua voz...
Lembro-me da tua pele macia,
na alegria do teu sorriso...
Lembro-me de te amar
sem que o soubesses...
Lembro-me dos teus gestos,
mesmo quando não te movias...
Queria sonhar contigo
e acreditar que não tinhas partido...
Queria ter-me despedido,
mesmo que o silêncio
fosse a palavra maior
contida num abraço
que a memória não apagaria...



Barão de Campos


No refluxo das palavras...








Não sei o que procuras quando me encontras,
nem o que sentes quando me tocas...
Não sei interpretar as palavras
que regurgitas com esforço...
Não sei se os teus olhos
conseguem ver ou ser vistos...
Não sei se os teus lábios
fervem de amor ou de ódio...
Não sei se o teu corpo
é abrigo ou clandestinidade...
Não sei se és mágoa,
dor ou apenas simulação...
Não sei se as palavras
que não pronuncias
são as únicas que dizes...
Não sei se os teus gestos
afagam mágoas
ou esmagam sonhos...
Não sei se as tuas mãos
se entrelaçam nas minhas
ou se ensaiam estrangular-me...
Não sei, se és noite,
madrugada ou manhã,
ou se és apenas a tarde
de mim já morta...
Não sei se és desejo,
prazer, amor, paixão
 ou apenas volúpia...

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